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Um mundo de possibilidades desconhecidas

Receber o diagnóstico de autismo de um filho é entrar em contato com um mundo desconhecido. É necessário abrir um leque de possibilidades e se abrir para as novas experiências para, junto com a criança, começar a desvendar esse novo mundo. O autismo é um transtorno de desenvolvimento que, geralmente, surge nos três primeiros anos de vida e compromete as habilidades de comunicação e interação social da vida do indivíduo. As causas do autismo ainda são desconhecidas, mas pesquisas atuais apontam para uma combinação de fatores genéticos e agentes externos que desencadeiam esse transtorno.

Pesquisas da Associação Médica Americana indicam que as chances de uma criança desenvolver autismo por causas da herança genética é de 50%, sendo que a outra metade corresponde a fatores externos como o ambiente e a maneira como ela é criada. Complicações durante a gestação, poluição do meio ambiente, infecções causadas por vírus, contaminação por mercúrio e sensibilidade à vacinas, entram no campo de pesquisas ainda com poucas contribuições.

Autismo

Estudos revelam que o autismo afeta quatro a cinco vezes mais meninos que meninas. Não há prevenção para as questões genéticas. A maioria dos pais de crianças com autismo tende a suspeitar que algo está errado antes dos dois anos de vida. Os sintomas podem  variar de leve a grave podendo apresentar; visão, audição, tato, olfato e paladar excessivamente sensíveis; alteração emocional anormal quando há mudanças na rotina; movimentos corporais repetitivos; demonstração de apego anormal aos objetos; comunicar-se com gestos ao invés de palavras; não ajustar a visão para olhar objetos; usar rimas sem sentido; não fazer amigos; apresentar retraimento;  isolamento; falta de empatia; achar ruídos normais dolorosos e cobrir os ouvidos com as mãos; não se assustar com sons altos; evitar contatos físicos; acesso de raiva intensa; baixa capacidade de atenção; dentre outros.

O diagnóstico do autismo inclui um amplo espectro de sintomas e é realizado por uma equipe de diferentes especialistas que possam avaliar a criança em sua comunicação, linguagem, habilidades motoras, fala, êxito escolar e habilidades de pensamentos.

Não existe cura para o autismo, mas um programa de tratamento precoce, intensivo e apropriado melhora muito a perspectiva de crianças pequenas com o transtorno. O principal objetivo dos tratamentos é maximizar as habilidades sociais e comunicativas da criança, por meio da redução dos sintomas do autismo e do suporte ao desenvolvimento e aprendizado, promovendo qualidade de vida, mesmo que muitos permaneçam com alguns sintomas durante toda a vida. A perspectiva de melhor adaptação à família e a sociedade dependem da gravidade do autismo e do nível de tratamento que a pessoa recebe. O estresse de lidar com o autismo pode levar a complicações sociais e emocionais à família e cuidadores, bem como para a própria pessoa com o autismo. Por isso, acompanhamento psicológico tanto para um, quanto para o outro é essencial.

Pautado no autismo a psicanálise produz sua contribuição ao intervir seguindo o caminho que torna-se possível a constituição psíquica da pessoa, mesmo nos casos que apresentam patologias orgânicas. No autismo noós interrogamos: o que o afeta? O que comove singularmente esse paciente? Para onde se dirige esse olhar? Qual som se repete em sua vocalização? O que o detém ou o lança em seu movimento de existência?

Quando localizada essas preferências, nasce a possibilidade da passagem entre esse fragmento perceptivo, no qual o autista se fixa e a possibilidade de extensão dessa produção que lhe permita compartilhar com as demais pessoas. Na clínica analítica a intervenção não consiste no silêncio de espera, nem em uma massa de palavras dirigidas à criança, mas em uma extrema delicadeza do psicanalista para não ser invasivo, e ao mesmo tempo estar muito atento, disponível e preciso em sua intervenção para localizar, sustentar e produzir as pequenas brechas iniciais de abertura à relação com o outro pelo qual a criança pode servir-se da linguagem para nela se representar. O tratamento na clínica com o autismo é profundamente singular, considerando os tempos e partindo dos interesses de cada paciente.

Desenvolvido por Vinícios Hyppolito Girotti  Matérias por Fernanda Moraes

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