

Psicóloga Ana Carolina Carvalho Pascoalete

Alimentação Compulsória
A bulimia é uma desordem alimentar em que o indivíduo oscila entre a ingestão exagerada de alimentos, com um sentimento de perda de controle sobre a alimentação ingerida, e comportamentos não saudáveis como vômito ou abuso de laxantes com o objetivo de impedir o ganho de peso.
Desta maneira, as pessoas que apresentam esse quadro estão sempre preocupadas com a aparência e o medo de ganhar peso. Trata-se de um transtorno alimentar de causas ainda desconhecidas, porém muitos fatores podem estar envolvidos nos motivos que levam o seu desencadeamento. Vivemos em uma sociedade que exerce influência sobre o comportamento e o padrão de beleza, tornando alvo de desejo a “vida perfeita” o “corpo magro e exercitado”, desprezando os indivíduos acima do peso.
Bulimia
A indústria da beleza e da moda referenciam padrões idealizados diariamente e estimulam milhões de pessoas em todo o mundo a desejarem esses padrões e, consequentemente, o aumento da bulimia entre a população mundial. A bulimia é um distúrbio de imagem, no qual o portador não consegue aceitar seu corpo da maneira como ele é, ou tem a impressão de que possui um peso em níveis acima da realidade.
Desta forma, tende a estimular um quadro de ansiedade, com busca de alternativas inadequadas para perda de peso, ao mesmo tempo em que busca o conforto na comida.
Os fatores considerados de risco são; genéticos, psicológicos, traumáticos, familiares, sociais, culturais. Afeta em proporções maiores mulheres do que homens, com tendências a serem mais comum na fase da adolescência e inicio da idade adulta. Os sintomas são; preocupação excessiva com o peso; medo de ganhar peso; perder o controle sobre o que come; comer em excesso até sentir desconforto ou dor; deslocar-se imediatamente ao banheiro após as refeições; forçar o vomito após comer; uso constante de diuréticos e laxantes após as refeições; usar suplementos diários de perda de peso; jejuns prolongados; exercícios excessivos; dietas ineficientes e não saudáveis.
Como consequência, os pacientes tendem a apresentar; baixa autoestima; ideias extremistas; ansiedade elevada; perfeccionismo; dificuldades de encontrar formas saudáveis de obter prazer e satisfação; são excessivamente críticos, exigentes e estão sempre insatisfeitos. O bulímico resiste a aceitar e compartilhar a doença, mantendo os episódios as escondidas. No entanto, é necessário que assuma o problema e aceite ajuda, com possibilidade de tornar possível a recuperação e a cura, por meio de tratamento que deve ser conduzido por um médico, que avaliará a necessidade medicamentosa, além de psicoterapias e acompanhamentos nutricionais.
Acredita-se que de 3% a 7% da população mundial apresente a doença. A bulimia é perigosa e pode levar a sérias consequências quando não tratada da devida maneira; como lesão no esôfago; desidratação; insuficiência renal; cárie dentária; irregularidades menstruais; inflamação na garganta; constipação; ansiedade e depressão; abuso de álcool e drogas e nos casos mais graves suicídios.
Uma forma de prevenção é cultivar sempre a ideia de um corpo saudável, independente da silhueta ou peso do corpo, conciliando dicas de uma boa dieta nutricional no dia a dia e atividades físicas regulares. Para a psicanálise os distúrbios alimentares são compreendidos como sintomas orais que escondem a angústia das fases primitivas do desenvolvimento da vida psíquica. O sintoma esconde ao mesmo tempo em que mostra, uma função na dinâmica do psiquismo e na estabilidade da personalidade.
Portanto, esse transtorno das condutas alimentares se torna em algum momento da vida da pessoa, a expressão das dificuldades psíquicas, que indicam o sofrimento do ego, chegando ao seu transbordamento e sua desorganização, mas também pode ser uma maneira de rearranjo representando uma forma de defesa contra a angústia.
Essas situações de desencontros emocionais e culpa desarmonizam a busca pela conquista de um ideal e este ideal nunca é alcançado. O bulímico sente-se falho no emagrecimento numa tentativa de se libertar da carne, numa fantasia onipotente de alcançar a imortalidade. A relação com a alimentação reflete uma luta ativa contra o desejo de se apropriar daquilo que lhe falta, de devorar tudo e engordar com suas aspirações, um desejo de se preencher sem restrições. E após o preenchimento compulsório vem o sofrimento frequente com ideias depressivas, baixa autoestima e nos casos mais graves pensamentos suicidas.
